4. O Trem da Linha Dorsal 7
A câmera abre na estação de Malsckin, onde as locomotivas exalam fumaça negra contra a neve que cai pesada. Entre operários exaustos e soldados da Guarda Ferrovia Real, os heróis se disfarçam, vestindo uniformes roubados de diferentes esquadrões. Os brasões e insígnias costurados às pressas nos casacos pesados os tornam sombras dentro da engrenagem militar.
Antes de partirem, seus olhos encontram um quadro de avisos coberto de documentos: diagramas sobre a malha ferroviária da Khishilia, ordens da cadeia de comando da GFR e anúncios amarelados pelo tempo. Em uma mesa onde se encontram, repousa um livro de estudos para o concurso do Batalhão de Engenheiros, repleto de informações técnicas e provas simuladas. Na primeira página, uma caligrafia ansiosa revela seu dono: Barma Drunkboot, Guarda Ferrovia Real. O destino os une — pois Barma está entre os soldados embarcados na Linha Dorsal 7.
O grupo inspeciona o vagão de carga citado na carta interceptada, mas o encontra trancado, coberto por lonas grossas e selado com fechaduras mágicas. Sem opção, embarcam no trem e ocupam uma das cabines vagas, onde aguardam o rugido da partida.
Quando a locomotiva ganha vida e o trem parte rasgando a neve, os heróis se espalham, investigando passageiros e soldados. As conversas com membros da GFR confirmam a suspeita: ordens severas foram dadas para que ninguém se aproxime do vagão sob responsabilidade de um membro do K-VAR.
É então que surge o nome. Hiram Kess.
Ao confrontá-lo em disfarce, os aventureiros percebem o olhar cortante do agente, a desconfiança imediata em sua postura. Kess não se deixa enganar por perguntas e sua tensão cresce como uma corda prestes a estourar. Com tato, Balduin encerra a conversa, evitando que as suspeitas se transformem em confronto prematuro.
Mas o bardo tem um plano. Fingindo ser do próprio K-VAR, usa de sua lábia e presença convincente para atravessar barreiras e ganhar acesso. Ao mesmo tempo, Rhydian se esgueira invisível pelos corredores, olhos atentos ao vagão secreto. Juntos, percebem o enigma: a fechadura só se abre por comando de voz, do próprio criador.
O tempo corre contra eles. A mensagem sussurrada entre Balduin e Rhydian pela magia revela o perigo: Hiram Kess vem em direção ao vagão. A chance é perdida — por enquanto.
Mais tarde, decidem que uma distração é a única saída. Rhydian escala até próximo da locomotiva, o vento açoitando seu rosto. Com um gesto, sua Mage Hand ativa os freios de emergência. O trem grita em protesto e se arrasta contra os trilhos até parar de forma abrupta. Mas o meio-elfo é arremessado para fora, seu corpo mergulhando na neve fofa.
A manobra dura pouco: o autômato piloto recoloca o trem em movimento com eficiência implacável. Ainda assim, Balduin aproveita o caos para convencer Hiram Kess de que a parada é apenas uma falha sob investigação. O agente, contrariado, ordena que os guardas se espalhem em vagões distantes, deixando o alvo menos protegido.
Com o momento certo, os heróis atacam. A luta explode em meio aos vagões em movimento, as paredes de ferro ressoando com o choque de armas, magia e trovões.
Rhydian conjura explosões de gelo e luz, ainda instintivas, ainda selvagens. Eda, com sua força bruta, arremessa o inimigo como bonecos de palha. Balduin, em pleno combate, ergue acordes dissonantes de sua guitarra, a melodia se tornando lâmina contra seus inimigos.
A câmera se foca em Kess, duelando à beira de um vagão aberto, a paisagem gelada correndo como borrão atrás dele. Rhydian lança um feitiço, cegando-lhe com o próprio chapéu com luz incandescente. Balduin desfere um Thunderwave que ressoa como trovão nos trilhos, e Eda, num golpe final, o lança para fora do vagão.
O agente cai: Earthen Grasp, mão colossal de pedra, o prende ao chão nevado, enquanto o trem avança, tomando distância. O destino de Kess é incerto — deixado para trás, mas não esquecido.
Com o inimigo vencido, Balduin veste o rosto e a voz de Kess com Disguise Self. Comandos são dados na voz do agente, e as fechaduras obedecem. O vagão se abre.
Dentro, sob panos pesados, jaz um artefato monstruoso: planos detalhados de um Canhão Térmico Experimental e uma peça da própria arma em transporte. Uma peça destinada à guerra, capaz de virar batalhas em instantes. Os heróis a testam, estudam suas vulnerabilidades, mas percebem: destruí-la levaria tempo demais. Por ora, deve seguir.
Então, vasculham a cabine de Hiram Kess. Em uma pasta oculta, encontram duas cartas: uma da Guarda Ferrovia Real, burocrática, e outra, criptografada, marcada com o símbolo do Paradoxo Austero.
Balduin decifra. As palavras, agora claras, trazem a revelação: Hiram Kess não era apenas um agente do K-VAR. Ele servia ao Paradoxo em segredo.
A câmera fecha no olhar dos heróis, refletindo a chama trêmula da lamparina que ilumina os documentos. A conspiração se aprofunda. O trem avança. E o destino de Hutepec os aguarda.
Fade out.